In-útil

terça-feira, 21 de junho de 2011

In-utilidade pública

Postado por Jefferson Almeida às 12:46 Nenhum comentário:
Postagens mais recentes Postagens mais antigas Página inicial
Assinar: Postagens (Atom)

Quem sou eu

Minha foto
Jefferson Almeida
Se alguém souber, por favor, me avise.
Ver meu perfil completo

Arquivo do blog

  • ►  2012 (4)
    • ►  julho (4)
  • ▼  2011 (9)
    • ▼  junho (1)
      • In-utilidade pública
    • ►  maio (1)
    • ►  março (5)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2010 (16)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (8)
    • ►  agosto (1)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (1)
    • ►  janeiro (3)
  • ►  2009 (32)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (4)
    • ►  setembro (8)
    • ►  agosto (8)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (5)
  • ►  2008 (8)
    • ►  dezembro (8)

Tão in-úteis quanto eu

  • Dimitri Xavier (lá vai o trem com o menino)
  • Lara Gay (la vie en rose)
  • Lucas Nascimento (na bagunça do seu coração)
  • Marcelo Baère (esse nobre vagabundo)
  • metasinestesia
  • Michelly Barros (morena dos olhos d'água)
  • rabiscos... reticentes e exclamativos

Aqueles

retrato_quatro

o céu se refez em cores vivas para a morte solar
era ontem
(ou outro dia)
quando o sol era vivo e se lançava rumo ao poente como numa tragédia
e foi-se

retrato_três

o cilma era cinza
a cor era frio
as roupas estendidas lembravam que era carnaval
o céu era nublado
a rua era vazia
as roupas estendidas dançavam freneticamente
era carnaval
o que fazia aquelas roupas estendidas tão animadas
o vento
talvez
frio e cinza
certamente
mas
lá estavam as roupas no varal
estendidas
lembrando ao clima cinza que
vamos e convenhamos
era carnaval

retrato_dois

a árvore vai e vem
eu na janela
na rua
ninguém
um pássaro se arrisca no alta-tensão
um cachorro
longe
late
uma fruta
perto
cai
da vizinhança um grito
penalti
na rua
ninguém
ontem tinha batucada
já se preparam pro carnval
afinal
é Rio
hoje
enquanto a árvore vai e vem
eu na janela
na rua
ninguém

retrato_um

a velha na janela
uma em Copacabana
puxa a fumaça de um cigarro e
antes de sentir seu sabor
a expulsa pela boca
o ônibus estava parado
alguém puxara a cigarra
assim chamam aquela cordinha que faz com que o ônibus pare
e foi aí que vi a velha na janela
posso quase afirmar que era índia
para que a imagem não fique esfumçada aos olhos de quem lê
afirmarei
era índia
cabelos de índios são reconheciveis
mas essa
penso
é uma daquelas índias que nascem ali mesmo em Copacabana
Copacabana tem um mistério
lá tem todo tipo de gente e mesmo aqueles que chegam lá em ônibus e se vão no final da jornada de trabalho parecem estar em uma tribo de velhos bons conhecidos
volto à velha
o que importa
agora
em Copacabana
é a velha que
na janela
fuma

[Não. Isso não é uma poesia. É prosa. Prosa das boas, daquelas que só se pode levar a luz de um cigarro de palha e com um bom trago de cachaça pura.]